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Futebol de escárnio em Ribeirão Preto
Walter Falceta

Walter Falceta Jr. é paulistano, jornalista, neto de Michelle Antonio Falcetta, pintor e músico do Bom Retiro que aderiu ao Time do Povo em 1910. É membro do Núcleo de Estudos do Corinthians (NECO).

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Futebol de escárnio em Ribeirão Preto

O esforçado Pablo: em noite de trancos, topadas e garranchos

Foto: Agência Corinthians

O Paulistão já teve partidas espetaculares, incríveis, emocionantes. Contavam os antigos daquela mítica partida de fevereiro de 1923, quando vencemos o Paulistano por 2 a 0 e faturamos o título do Centenário de 1922.

A cidade vibrou com o golaço de Tatu, o primeiro negro a se destacar no Time do Povo.

E que fantástico deve ter sido aquele Portuguesa 5 x 10 Corinthians, em 1928, no tal balanço do 4-3-2-1. Por que a sequência? Rato marcou quatro vezes; Neco, três vezes; De Maria, duas vezes; Apparício, uma vez.

Outro jogão foi aquele disputado em fevereiro de 1953, em que vencemos o São Paulo por 3 a 2, depois de um primeiro tempo em que perdíamos por 2 a 0. Nos vestiários, o presidente Trindade passou um pito nos jogadores, dizendo que não tinham vergonha na cara. Na etapa final, Souzinha e Carbone, com dois tentos, construíram a virada.

E o que dizer daquele inacreditável 4 a 3 sobre o Palmeiras, em abril de 1971? Perdíamos por 2 a 0, mas empatamos. Cedemos o terceiro gol, mas encontramos energia para empatar novamente e virar o placar.

Você mesmo, caro leitor, certamente assistiu a jogos memoráveis pelo nosso estadual. Muitos deles tiveram do outro lado da cancha um Juventus, uma Ferroviária ou um XV de Piracicaba. Predominava a garra, a dedicação e o talento do melhor futebol do mundo.

Essa tradição, no entanto, não foi respeitada neste sábado, em Ribeirão Preto, a cidade que acolheu os ótimos dérbys da decisão de 1995.

Botafogo e Corinthians fizeram um dos piores jogos do Paulistão em todos os tempos.

Determinante para o fracasso da pelada foi o gramado duro e irregular do estádio Santa Cruz, sobre o qual a bola quica, mas não rola.

Ainda assim não se justifica tamanha ineficiência das equipes. A posse de bola se alternava com irritante rapidez. Camacho servia o adversário, que retribuía o presente, atrapalhando-se com a pelota. Depois, Balbuena entregava gentilmente o ouro, mas os teimosos donos da casa desperdiçavam a oportunidade.

Os passes errados, em quantidade assombrosa, confundiam até os mais experientes narradores. Na cabine do SporTV, a contenda das quartas de final virou pândega.

Divorciados do bom futebol, os atletas perdiam-se em tropeços e trombadas, parecendo copiar o padrão do rugby.

Em certo momento, possivelmente penalizado da redonda que tanto sofria, um torcedor atirou uma substituta ao campo de jogo. Paralisação e bola ao chão.

Obviamente fatigado de tanta ruindade, o árbitro resolveu intrometer-se na partida, e assim o fez em duas oportunidades, sem, no entanto, abrilhantar o espetáculo.

Nosso empenhado Romero, em lance capital, deliberou punir a orelha da bola, que correu torta, girando como pião largado da fieira.

Em óperas bufas dessa natureza pode-se esperar de tudo. Desta vez, tivemos torcedor invadindo o campo. Para quê? Para abraçar o goleiro tricolor Neneca. Ou talvez para fazer cessar a ruindade torturante e conceder trégua aos próprios olhos.

Depois da partida, o talentoso Fágner parecia envergonhado da performance do time mosqueteiro. Descompactado, sem criatividade, amarrou-se diante da marcação alta do Botafogo.

Afinal, os magnatas de chuteiras promoveram um futebol de escárnio contra o torcedor, uma peça digna de Primeiro de Abril.

Veja mais em: Campeonato Paulista.

Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.

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Por Walter Falceta

Walter Falceta Jr. é paulistano, jornalista, neto de Michelle Antonio Falcetta, pintor e músico do Bom Retiro que aderiu ao Time do Povo em 1910. É membro do Núcleo de Estudos do Corinthians (NECO).

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    22º. @wilson.kikawa em

    E o que me deixa mais puto era que o Paulistão valia muito mais que outros inclusive a tão sonhada Libertadores dos clubes brasileiros atuais, e hoje não vale nada, já imaginou se a Libertadores daquela época tivesse o mesmo valor que em hoje? Acho que o Corinthians já teria faturado pelo menos umas 5...

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    Rubens 200 comentários

    21º. @ensares em

    Você fica na frente da TV vendo uma pelada sabendo que são dois times da primeira divisão do futebol paulista não dá.
    Eu sou corintiano e só vi até ao 35 minutos do primeiro tempo, foi tomar banho e depois não tive a ousadia de voltar para frente da TV.

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    20º. @sidnei.novais em

    Parece que quase todo o jogo a missão prioritária do time é não tomar gols. Se fizer unzinho é lucro. Não era mais fácil o Carille repetir a escalação que ganhou do Linense, trocando o Pedrinho pelo Jadson e o PH pelo Pablo? Não é hora de dar uma de Professor Pardal em partida eliminatória.

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    Roberto 1530 comentários

    19º. @roberto.matias1 em

    Bela cornica, retratando fielmente o que foi o jogo medíocre de ontem. O Timão tem muito que melhorar, precisamos de mais um meia, um atacante que resolva na frente.. Porque do jeito que está será sofrível ver o Timão jogar...

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    Adilson 38 comentários

    18º. @adilson.fogaca em

    Sou Corinthiano, mas com um ataque que não consegue dar um chute a gol, vai ser um milagre se chegar-mos a uma final, o narrador foi o melhor em campo, há os que possam dizer que o empate foi bom, que temos o segundo jogo, não vejo assim.
    O empate foi uma demonstração de incapacidade desse ataque, o time só existe do meio campo para trás.