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Pressão da torcida, Diego Souza, Romarinho 'avoado', Tite... Cássio lembra conquista da Libertadores

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Cássio momentos antes da decisão diante do temido Boca Juniors, há exatos cinco anos

Cássio momentos antes da decisão diante do temido Boca Juniors, há exatos cinco anos

Daniel Augusto Jr/Ag. Corinthians

Quinta-feira, 15 de junho. O relógio marca 17h30 e indica a etapa final de mais um treinamento do Corinthians no CT Joaquim Grava. A reportagem do Meu Timão aguarda Cássio, que conversa com uma emissora de televisão sobre o aniversário de cinco anos da conquista da Libertadores da América, para um bate-papo a respeito do mesmo assunto. Isso depois de o próprio jogador, único titular a participar do treino no campo, conceder, minutos antes, entrevista coletiva no local.

Cássio não demonstra incômodo em, provavelmente, ouvir perguntas semelhantes ligadas à histórica conquista corinthiana. Pelo contrário. Responde a cada um dos questionamentos como se defendesse uma bola qualquer dentro de campo: ágil, sem holofotes, preparado para outra. Nem quando se depara com o fato de ser o único goleiro da história do clube a ter êxito no torneio.

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“É difícil falar sobre isso. Se você for ver o histórico de goleiros do Corinthians... Eu fico muito lisonjeado por ter sido o primeiro goleiro a conseguir o título da Libertadores. De tantos goleiros históricos que passaram pelo Corinthians, eu ter sido o primeiro a vencer a Libertadores, um título inédito, fico muito lisonjeado”, diz, sem querer chamar atenção para si.

Próximo de completar 300 jogos pelo Corinthians, Cássio relembrou momentos marcantes da campanha vitoriosa do Timão. Da estreia como titular, diante do Emelec, no Equador, à final contra o Boca Juniors, em pleno Pacaembu, esbanjou o sorriso ao recordar o gol do atacante Romarinho na La Bombonera: “Quando vi que ele fez o gol, vou te falar que eu fiquei surpreso (risos)”, admite o camisa 12, em tom bem-humorado.

Remanescente do título de 2012 – do elenco atual do Corinthians, apenas ele e Danilo foram campeões –, o veterano abre o coração ao falar de Tite, que apostou no seu talento ao barrar Julio Cesar em meio à competição sul-americana. De quebra, ainda revela a conversa que teve com o treinador ao alçar o status de titular da equipe.

“Ele falou que muitas vezes não estava vendo o treino e meu nível sempre se mantinha alto, que eu era merecedor porque me preparei, porque estava bem e ‘as paredes tinham olhos e ouvidos’. Que muitas vezes não estava lá, mas sempre tinha alguém observando”, conta Cássio, orgulhoso.

Há cinco anos, Cássio & cia. comemoravam um dos mais importantes títulos do Sport Club Corinthians Paulista. Com a ajuda do goleiro alvinegro, relembre algumas histórias daquele eterno 4 de julho de 2012...

Leia a entrevista de Cássio ao Meu Timão

Meu Timão: Você chegou no início de 2012. Naquela época, mesmo com o recente título brasileiro, a cobrança para que o Corinthians, enfim, conquistasse uma Libertadores era muito pesada. Isso entrava em campo com vocês? O quanto atrapalhava?

Cássio: A pressão havia sim, era muito grande. O time... Acho que o Tite preparava muito bem a equipe pra dentro de campo a gente estar bem concentrado, focado. Uma das marcas daquela conquista, daquele título, foi o que time sempre entrava bem preparado para o que podia acontecer. No Corinthians sempre tem pressão, é lógico que tinha uma pressão a mais pelo histórico de a equipe não ter conseguido ganhar a Libertadores, então sempre havia uma pressão maior. Havia, mas, como falei, o treinador nos preparou bem para estarmos bem focados para aquele desafio.

Como foi a conversa que o Tite teve com você quando resolveu barrar o Julio Cesar e te colocar diante do Emelec? Um jogo duro, no Equador, um mata-mata...

Na semana em que fomos eliminados (do Campeonato Paulista), não sabíamos o que poderia acontecer. Ele comunicou primeiramente eu e o Danilo (Fernandes, hoje no Internacional) que ele optaria por um de nós para ser o goleiro titular e acabou barrando o Julio. Lembro que depois ele me chamou na sala dele quando falou que eu seria o goleiro titular, perguntou por que eu achava que estava sendo o titular. Eu não sabia o que responder (risos), é muito difícil, você não se faz elogios, você os recebe. Eu achava que era porque estava bem. E ele falou que muitas vezes não estava vendo o treino e meu nível sempre se mantinha alto, que eu era merecedor porque me preparei, porque estava bem e “as paredes tinham olhos e ouvidos” (risos). Que muitas vezes não estava lá, mas sempre tinha alguém observando. Então eu acho que ele optou por tirar o Julio também naquele momento porque eu vinha bem nos treinamentos, vinha sendo elogiado. Porque, de repente, se eu não estivesse bem, ele não optaria por mudar. Muitas vezes a gente acha que ninguém está observando, mas sempre tem e foi o que aconteceu comigo.

Cássio no vestiário do estádio George Capwell, em Guayaquil, antes da estreia como titular

Cássio no vestiário do estádio George Capwell antes da estreia como titular

Daniel Augusto Jr/Ag. Corinthians

Você imaginou que essa oportunidade você surgir tão rápido?

No futebol as coisas acontecem rápido. Lógico, para ser bem honesto contigo, eu não achava, eu trabalha forte, mas você nunca sabe quando vai aparecer ou não. Quando apareceu para um amistoso, contra o XV de Piracicaba, minha estreia, acho que eu mostrei já meu potencial, foi importante, deu confiança para ele e para a equipe. O fato de eu estar me preparando bem o fez ter confiança em mim, e quando apareceu a chance, se tu pegar, tem inúmeros casos de jogadores que tiveram a oportunidade e, infelizmente, não conseguiram ir bem. Além de estar muito bem preparado, eu consegui fazer as coisas bem feitas.

Na sua opinião, foi a partida mais difícil daquela campanha do Corinthians?

Não, acho que não. Teve algumas partidas que foram bem complicadas. Lógico, aquela do Emelec foi bem difícil, ainda mais depois que nós perdemos um jogador, ficou bem complicado. Acho que tem uma série de partidas que foi difícil, a própria primeira (diante do Deportivo Táchira, da Venezuela), mesmo eu não estando lá, mas assistindo ao jogo. Corinthians perdia de 1 a 0, um jogo muito complicado, e ter conseguido o empate no último lance dá confiança à equipe, na superação conseguiu aquele empate e deu confiança no decorrer do campeonato. Mas teve os jogos contra o Vasco, foram dois jogos de altíssimo nível de dificuldade. Teve contra o Santos na Vila Belmiro... Uma série de jogos, como esse do Emelec.

Nota da redação – Na tensão de Guayaquil, no Equador, o Corinthians empatou por 0 a 0 com o Emelec. Apesar do duelo sem gols, o Timão viu o resultado conquistado longe do Pacaembu como positivo, já que teve o atacante Jorge Henrique expulso aos sete minutos do segundo tempo. Após o apito final, o técnico Tite e o presidente Mário Gobbi detonaram a arbitragem e a Conmebol.

Depois do “teste” contra o Emelec, você é mantido na equipe para os confrontos com o Vasco. Do que você se lembra daquele jogo em São Januário?

Um jogo difícil. Lembro que Vasco e Corinthians em 2011 tinham feito campanhas já disputando título até o final, duas equipes muito qualificadas. Lembro que choveu muito, muito no Rio de Janeiro naquele dia, o campo estava muito ruim, havia muitas poças, muita lama, uma atmosfera, estádio lotado. Lembro que chegamos duas horas antes do jogo, normalmente chegamos 1h20 antes, mas chegamos duas horas porque a polícia estava com medo da torcida, de atirar pedra, de machucar algum jogador, algo assim. Uma atmosfera bem hostil nas vésperas do jogo. Só que a equipe entrou muito concentrada, muito focada e trouxemos um grande resultado de lá.

0 a 0 passado, volta no Pacaembu, decisão das quartas de final. Você já falou inúmeras vezes sobre a famosa defesa contra o Diego Souza. Entende que, se levasse aquele gol, o Corinthians dificilmente passaria às semifinais?

Futebol a gente nunca pode cravar 100%, mas ia ficar complicado. Pelo grau de dificuldade que vinha sendo os jogos, ia ser bem complicado. Jogos bem disputados, de poucos erros como foi o primeiro, o segundo tu via poucos erros dos dois lados, poucas chances de gol, então nós teríamos que fazer dois gols naquele momento porque o empate em 1 a 1 dava (a classificação) pro Vasco. Falar que nós não íamos conseguir é muito difícil, mas seria bem complicado. O gol do Paulinho também foi bem no final. Se nós tivéssemos levado o gol, ia ficar uma situação bem difícil.

Cássio foi lenda diante do Vasco. Azar do Diego Souza!

Cássio foi lenda diante do Vasco. Azar do Diego Souza!

Reprodução/TV Globo

Passou pela sua cabeça algo como “puxa, olha o que eu fiz. É quase um gol!”?

Não (risos), não passa porque tu não sabe o grau de dificuldade da defesa que você fez. Você apenas defende e “vamos pra próxima”. Eu fui entender depois vendo o lance, torcedor falando da defesa, mas não tem uma noção no momento do grau de dificuldade da defesa que eu tinha feito.

Você tem guardado na memória o clima no vestiário depois daquela classificação? Para a torcida, você foi um herói, mas e para os jogadores e membros da comissão?

Eu não tenho essa vaidade de achar que eu fui o único responsável pela vitória. É lógico, o goleiro quando faz uma defesa com um pouco de dificuldade, se fala muito, mas se meu time não tivesse se empenhado, lutado... Também não acho que só o gol do Paulinho foi fundamental para a nossa classificação. O gol fez a diferença e foi o gol da vitória, mas o empenho da equipe toda, no geral, foi fundamental. Lembro que todo mundo estava exausto, porque o grau de concentração, não digo só cansado de perna, mas mentalmente também, pelo grau de dificuldade daquele dia. Todo mundo estava atirado nos cantos, todo mundo bem exausto, bem cansado, e alguns jogadores vieram me parabenizar pela defesa, só que eu não tinha noção do grau de dificuldade da defesa que tinha feito.

Ao longo de toda a campanha, muitos jogadores foram importantes: Fábio Santos, Ralf, Paulinho, Sheik, Liedson... Mas teve um cara que decidiu uma série de jogos com muita tranquilidade, que foi o Danilo. O que ele tem de tão especial que parecia não estar num Pacaembu lotado, mas brincando de jogar bola num campo qualquer?

Primeiro, é um cara que trabalha muito, um cara muito dedicado. Se tu pegar o histórico dele, não sei se tem no futebol brasileiro alguém mais vitorioso que ele. Um cara que é muito dedicado, muito bom de grupo, experiente. Acho que isso (tranquilidade) é da pessoa dele, porque é gelado em momentos decisivos, ele não treme na base. Não é nem esse o termo, é um cara que, quando ter a oportunidade, vai lá e faz, não é um jogador nervoso. É do jeito dele, tranquilo também fora de campo, de boa e que agrega muito. É 100% comprometido com a equipe, então ajuda muito não só dentro de campo mas fora também.

Quanto tempo demorou pra cair a ficha do gol do Romarinho na La Bombonera? Ele realmente não tinha ideia do que acabava de fazer?

Para mim, quando vi que ele fez o gol, vou te falar que eu fiquei surpreso (risos). Até hoje, do jeito que ele é, ele não tem nem noção do gol que fez. Avoado do jeito que é, como a gente fala, o jeito brincalhão dele (risos). Com certeza ele não tem noção do que fez naquele momento. Mas a gente ficou muito feliz, lembro depois do jogo, ele não tinha noção do que tinha feito. Ficamos muito felizes pelo gol, ele já havia feito dois gols no clássico contra o Palmeiras, deu muita confiança para ele. É o tipo de jogador que, se colocá-lo para jogar na La Bombonera lotada ou num campo de várzea sem ninguém, é a mesma coisa. Teve a tranquilidade e fez um belo gol naquele dia.

Do que você mais se lembra dos momentos que antecederam a final no Pacaembu? Conversa com algum jogador, preleção do Tite, algum conselho de alguém... Tem alguma história curiosa?

Foi um dia bem tenso, um dia que demorou a passar até o momento do jogo. Todo mundo estava muito confiante, muito concentrado, todo mundo sabendo o que queria, onde ia chegar, qual era o objetivo, que era ser campeão, e não íamos deixar passar aquela oportunidade. Estávamos muito focados em ser campeões e tínhamos que nos empenhar para isso. Saímos (do CT) focados e prontos para qualquer situação, o mais importante foi isso, estávamos prontos para qualquer situação que pudesse acontecer no decorrer do jogo.

Com Cássio, Corinthians fez oito jogos e levou só dois gols na Libertadores 2012

Com Cássio, Corinthians fez oito jogos e levou só dois gols na Libertadores 2012

Daniel Augusto Jr/Ag. Corinthians

Muito se falava da catimba dos argentinos, sobretudo por uma final contra o Boca. Dentro do grupo, havia a preocupação com um jogador em especial, que era o Sheik. Ele já contou em algumas entrevistas que muitos de vocês o alertavam: “Não vai ser expulsão, hein?!”. Você chegou a conversar com ele antes do jogo?

Não (risos). Eu era um dos mais jovens daquele elenco, era novo, não conservei com ele, não. O Sheik tem o jeito dele, em jogo decisivo ele cresce, sempre aparece muito bem, então ele estava bem concentrado, bem focado, tem aquele jeitão dele. Na verdade, quem provocou a equipe deles foi o Sheik, tirou a concentração do zagueiro. Ele se empenhou ao máximo, fez o jogo como tinha que jogar. Ele vai, disputa todas as bolas, não tem bola perdida, então ele fez isso na final e foi coroado com dois gols.

Qual o tamanho da importância do Tite naquele título, principalmente para você, que havia acabado de chegar da Holanda e somava poucos jogos como atleta profissional? O fato de ele lidar com todos da mesma maneira, o trato no dia a dia, foi o diferencial?

Não é à toa que ele é o maior treinador do Brasil hoje, um dos maiores do mundo. O que ele propôs naquele momento está colhendo hoje, o respeito que ele tem no futebol brasileiro, no cenário mundial vem crescendo mais ainda, a mudança até de respeito de outras seleções pela Seleção Brasileira. O fruto do trabalho que ele impõe na Seleção ele colocou no Corinthians naquele momento. Um cara que respeitava todo mundo, humilde, trabalhador, que não tinha a arrogância de não escutar um jogador. Lógico, quem decide é sempre o treinador, quem manda é ele, mas não tinha vaidade de achar que de repente não poderia tirar alguma coisa positiva da ideia de um jogador. É um cara que escutava muito, muito fechado, mas muito focado e abria mão de coisas que não agregavam para fazer a diferença no final. Foi muito merecedor desse título, um cara que conduziu a equipe de maneira muito boa, conseguiu os títulos. Logo em seguida nós ganhamos o Mundial depois no final do ano, mas ele conduziu a equipe muito bem, sempre respeitando do mais novo ao mais velho da mesma maneira.

Cinco anos depois, você entende que a Libertadores 2012 o colocou em um patamar nunca atingido por um goleiro do Corinthians?

É difícil falar sobre isso. Se você for ver o histórico de goleiros do Corinthians... Eu fico muito lisonjeado por ter sido o primeiro goleiro a conseguir o título da Libertadores, de tantos goleiros históricos que passaram pelo Corinthians, eu ter sido o primeiro a vencer a Libertadores, um título inédito, fico muito lisonjeado. Quando se fala entre os maiores goleiros do Corinthians e meu nome é citado, para mim é muito legal, mas mantenho a humildade. Como falei em outras entrevistas, o maior de todos para mim é o Ronaldo Giovanelli. Mas é legal, penso daqui a 30, 40 anos... Ou daqui a, logo ali, dez, 15 anos, tem livros, seu nome está marcado, tu ir ao estádio e a torcida te reconhecer, imagina? Mostrar para os teus filhos, netos. Então é um respeito muito grande que estou construindo agora. O Corinthians é um time multicampeão, um time mundialmente conhecido, uma das maiores estruturas, se não a maior estrutura do futebol brasileiro, para mim é muito gratificante fazer parte dessa história.

Veja mais em: Cássio, Libertadores da América, Títulos do Corinthians, História do Corinthians, Ídolos do Corinthians e Jogos Históricos.

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